No Japão, as lâminas são muito mais do que meros utensílios ou armas cortantes. A civilização do sol nascente é milenar e, durante toda sua trajetória, a forja tradicional de facas e espadas marcou uma forte presença, tornando-se parte indivisível da estética e cultura japonesas.

A faca santoku é fruto de muita tradição e qualidade: seu design característico e sua funcionalidade mais que versátil fazem dela um item tão popular que hoje é um dos clássicos da cozinha no mundo todo.

Ficou curioso? Vem com a gente conhecer um pouco sobre a tradição da cutelaria japonesa, as origens e características da versátil e amada Santoku. De quebra, vamos te ajudar a diferenciar uma santoku de uma faca ocidental!

Tradição japonesa de facas: uma história milenar

Impossível falar da utilidade das facas santoku sem abordar a história da icônica katana. Uma espada característica dos samurais, conhecida por sua elegância, simplicidade e sua incrível letalidade. Afiadíssimas, as katanas eram espadas de guerra muito ágeis e cortantes, pensadas para a vitória em batalha.

Para um samurai do século VIII, sua espada era mais do que uma arma. Constituía uma extensão de seu corpo, mente e alma, acompanhando-o em todos os momentos de sua jornada.

Por isso, ao longo dos séculos, conferiu-se à Katana uma aura sagrada e a espada passou a ser confeccionada e estimada como uma herança de família, símbolo de poder e honra.

Em 1876, proibiu-se completamente o porte de armas brancas e de fogo por não oficiais. Depois do decreto, samurais perderam seu ofício e passaram a ser perseguidos, ao mesmo tempo em que a forja de katanas foi bruscamente interrompida.

Faca Santoku: as três virtudes da versatilidade!

Nascida no mesmo berço das poderosas espadas samurai, as facas santoku compartilham do rigor e qualidade característicos da cutelaria japonesa. Uma faca criada para ser uma máquina de corte preciso! Sua personalidade, porém, pode ser mais ocidental do que você imagina.

A história da santoku tem tudo a ver com o fim trágico das katanas. Afinal, quando o governo Meiji proibiu a fabricação de armas brancas, uma leva importante de ferreiros experientes passou a aplicar suas habilidades em equipamentos de cozinha e ferramentas de corte — áreas onde empregaram toda a sua excelência.

Todo esse processo fez do Japão um país muito reconhecido por sua cutelaria até os dias atuais.

Para que serve a faca santoku?

A faca santoku nasceu ao final da Segunda Guerra Mundial, quando culinárias de outros países passaram a influenciar a tradicional cozinha japonesa. Nesse contexto, ela foi pensada para a versatilidade: desejava-se uma faca universal, que realizasse com excelência todos os procedimentos em um preparo.

Até seu nome remete à multifuncionalidade: santoku, em japonês, significa “três virtudes”. Sobre a natureza dessas três virtudes, porém, ainda se discute. Há quem diga que se referem aos três usos mais comuns da faca: cortar, fatiar e picar.

Outra vertente entende que o nome trata do corte dos três grandes grupos de alimentos: carnes, peixes e legumes. De qualquer forma, é uma faca que realiza todas essas atividades com facilidade e desempenho invejável.

Principais características da faca santoku

Via de regra, a faca santoku possui uma lâmina de perfil mais alto do que a ocidental, com espessura mais fina e comprimento ligeiramente mais curto. É preparada para cortes limpos, estáveis e de precisão, em alimentos duros ou macios.

Seu aspecto mais característico é a ponta que se volta para baixo de maneira abrupta, em formato parecido com a ponta de uma katana. Bela, poderosa e versátil — tudo que um chef poderia querer.

Mas e agora, como identificar uma santoku e a tradicional chef’s knife?

Santoku vs facas ocidentais: como diferenciar?

Não é exagero dizer que a santoku é a versão oriental da faca chef, grande clássico da culinária ocidental, a famosa faca “faz tudo”. As duas são ótimas para todos os tipos de preparo, muito versáteis e precisas.

De maneira geral, a faca do chefe se diferencia pela lâmina mais alongada e ligeiramente mais baixa e grossa. Tem o famoso clip point, ponta aguda e afiada bem centralizada no corpo da lâmina. Aparece em vários tipos de desbaste, ao gosto de quem usa. Também pode ser chamada de faca para churrasco, adaptação muito condicionada pelo formato de seu cabo.

Por suas dimensões menores e ponta não tão pronunciada e inquisitiva, a santoku é classificada menos intimidadora que a chef’s knife — mas nem por isso é menos poderosa.

Ao investir em uma, espere uma experiência de uso confortável e altamente eficiente.

Quando usar a faca santoku e a faca do chef?

Graças a sua lâmina mais fina e cortante, a faca japonesa santoku pode ser considerada mais precisa e tende a performar melhor em carnes macias, fatiamentos delicados e limpeza de peixes.

Por outro lado, a faca chef costuma ser mais resistente em cortes secos e duros, por sua lâmina mais espessa. De qualquer maneira, vale investir nas duas e montar uma coleção completa, super versátil e adaptável para inúmeros preparos.

E aí, curtiu o post de hoje? Aproveite a funcionalidade dessa incrível peça agora que você já sabe para que a faca santoku serve!

Para não perder nenhuma novidade sobre o mundo da cutelaria, fique ligado no nosso blog. Temos atualizações toda semana! Complemente a leitura de hoje conferindo nosso post que mostra 10 diferentes tipos de faca para conhecer e usar!

Sobre o autor

Junior Dorigatti

Junior Dorigatti

Junior Dorigatti é engenheiro, diretor industrial e sócio responsável pelo desenvolvimento de produtos na Cutelaria CIMO

Especializado em design de produto, o autor trabalha a mais de 20 anos com cutelaria, desenvolvendo mais de 100 projetos de produtos e aplicações no ramo. Entre os seus conhecimentos, a ampla experiência em cutelaria é o destaque - desde detalhes técnicos que vão do tratamento térmico ao design das lâminas.

O autor também conhece as etapas de fabricação de canivetes e facas, desenvolve temas sobre como escolher e identificar o uso correto das lâminas de facas e canivetes, além de fomentar novas tecnologias e inovações da cutelaria.

Para amadurecer o setor de cutelaria nacional, está disposto a fornecer ótimas informações sobre as mais diversas áreas do tema que vão do uso às diferenças dos produtos.

Junior Dorigatti

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