Uma das raízes mais profundas dos conceitos de sobrevivencialismo está no consumo da carne de caça. E por mais que você hoje não precise ir atrás do seu próprio alimento — com a caça esportiva ocupando, ainda, o espaço da atividade em questão — fato é que as características marcantes das carnes consideradas de caça podem ocupar um lugar de destaque no seu arsenal de churrasqueiro.

Conte, portanto, com esse material exclusivo do Mundo CIMO para aprender tudo sobre as melhores carnes de caça, indo da sua identificação e dos principais conceitos às melhores dicas de preparo para extrair o máximo de cada corte.

Boa leitura!

O que é carne de caça?

É classificada como carne de caça a proteína de animais silvestres comprada legalmente. Ou seja, são carnes de animais selvagens que até podem viver em um ambiente relativamente controlado e monitorado pelo homem, mas que não passam por processos de trato e engorda promovidos pela agropecuária, por exemplo.

Como resultado, a carne de caça apresenta aspectos diferentes das proteínas tradicionalmente consumidas na nossa dieta. A exigência muscular e queima energética necessária para garantir a sobrevivência longe do ambiente controlado acaba, na maioria das vezes, por resultar em carnes mais magras e com fibras mais firmes.

Como escolher carne de caça?

São muitos os conceitos que você precisa considerar para escolher a carne de caça que vai integrar sua grelha — com o primeiro, é claro, sendo a garantia de boa procedência da carne de animais exóticos.

Após esse cuidado que visa impedir algum tipo de contaminação, é hora de identificar as principais possibilidades oferecidas pelas carnes de caça, considerando seus aspectos únicos em textura, sabores e aromas.

Carnes de mamíferos e aves silvestres

Começamos pelas opções mais próximas das carnes que estamos acostumados a consumir, destacando as proteínas de mamíferos e aves silvestres. Entre opções parecidas com nosso cardápio habitual, destacamos as carnes de:

  • Bisão: opção mais magra e firme do que a carne de boi, mas ainda assim muito saborosa e rica em proteína;

  • Veado: outra alternativa que se assemelha à carne bovina, mas que também tem menos gordura e um aspecto mais elástico;

  • Coelho: um clássico da culinária francesa e que, para muitos, lembra a carne de frango ao considerarmos a textura da fibra e os sabores mais suaves em comparação com outras carnes de caça;

  • Javali: é um paralelo da carne suína que, apesar de ser mais firme que a do porco doméstico, tem sabor mais suave e bem menos gordura;

  • Faisão: a ave característica de caça segue as características de pouca gordura e fibras um pouco mais firmes, mas dessa vez com sabor mais marcante do que o peito de frango tradicional.

Carnes de répteis e anfíbios

Além das carnes de caça que se aproximam das proteínas animais que costumamos consumir, há ainda a crescente adesão às carnes de répteis e anfíbios no Brasil. Por mais estranho que possa parecer, fato é que o consumo desses cortes é até comum em outras culinárias mundo afora.

O maior e mais clássico exemplo está no aproveitamento da carne de rã. Leve, delicada e se aproximando do sabor do peixe, a perna de rã frita integra há muito tempo o cardápio de muitos restaurantes franceses como uma entrada saborosa.

Em regiões da América Central e da América do Norte, a carne de jacaré já é consumida com maior frequência, enquanto a carne de cobra integra cardápios asiáticos — sobretudo na China e no Vietnã. Da textura às notas de sabor natural, a carne de répteis se aproxima das referências que temos da carne de aves.

Preparativos e ferramentas necessárias para preparar carne de caça

Com tantos diferenciais frente às proteínas geralmente trabalhadas, nada mais justo do que também conferir no mundo CIMO as melhores formas de trato e preparo das carnes de caça:

1. Facas adequadas

Apesar de algumas das opções de carnes de caça trazem aspectos mais delicados, o mais comum é encontrar uma resistência das fibras ou mesmo do couro do animal.

Portanto, é muito importante que você conte com as melhores facas para cozinha do mercado, capazes de oferecer um corte seguro e preciso mesmo frente a proteínas mais resistentes. Para esse cenário específico, dê preferência aos cutelos e demais facas mais robustas.

2. Marinadas para amaciar e temperar

Outra alternativa que se torna muito interessante tanto para dar sabor quanto para amaciar carnes que tenham fibras mais firmes é contar com marinadas e temperos completos para carne.

No processo, você garante que os seus sabores e aromas favoritos penetrem nas camadas mais profundas da carne de caça — trabalhando com ervas frescas, pimentas, cominho e similares — enquanto o uso de suco de abacaxi, limão ou mesmo vinagre atuam com potencial de amaciar a carne por conta de seus ácidos.

3. Atenção aos detalhes na hora do churrasco

Considerando sobretudo a já destacada textura específica da carne de caça e os diferentes teores de gordura frente aos cortes tradicionais, é importante ter cuidados especiais também na hora de assar a carne em questão.

O principal objetivo é servir uma carne ao ponto, com opções que se aproximam da carne bovina, como veado e bisão, podendo ser servidos mais mal-passados. Isso porque caso a carne passe do ponto, pode ficar ainda mais dura e difícil de se apreciar do que os cortes comuns.

Há ainda o cuidado especial com as carnes de répteis, que exigem um cozimento uniforme e delicado e precisam ser constantemente viradas para ficarem cozidas por dentro e devidamente seladas por fora.

Nós, do Mundo CIMO, esperamos que esse post te inspire a explorar carnes exóticas, contando com nosso guia para saber como selecionar, preparar e apreciar esses sabores únicos nesta verdadeira aventura culinária.

Você é nosso convidado para seguir explorando novas possibilidades para desfrutar o melhor do universo das carnes ao conhecer, também em nosso blog, diferentes tipos de churrasco ao redor do mundo. Veja as mais famosas vertentes do churrasco mundo afora e traga para a sua grelha o que mais combina com suas preferências!

Sobre o autor

Junior Dorigatti

Junior Dorigatti

Junior Dorigatti é engenheiro, diretor industrial e sócio responsável pelo desenvolvimento de produtos na Cutelaria CIMO

Especializado em design de produto, o autor trabalha a mais de 20 anos com cutelaria, desenvolvendo mais de 100 projetos de produtos e aplicações no ramo. Entre os seus conhecimentos, a ampla experiência em cutelaria é o destaque - desde detalhes técnicos que vão do tratamento térmico ao design das lâminas.

O autor também conhece as etapas de fabricação de canivetes e facas, desenvolve temas sobre como escolher e identificar o uso correto das lâminas de facas e canivetes, além de fomentar novas tecnologias e inovações da cutelaria.

Para amadurecer o setor de cutelaria nacional, está disposto a fornecer ótimas informações sobre as mais diversas áreas do tema que vão do uso às diferenças dos produtos.

Junior Dorigatti