Os primeiros registros de carne assada no fogo remetem há 1,8 milhão de anos. E para conservar carne e outros alimentos, moradores de polos extremos usavam neve e cavernas congeladas. Já os povos de clima tropical ou seco precisaram se reinventar para promover a conservação da sua comida.

Hoje, existem freezers e geladeiras tecnológicas que conservam os alimentos, o que garante muita praticidade. Mas se você é um aventureiro, gosta de acampar e fazer trilhas, aprender alguns truques sobre como conservar carne sem geladeira pode ser super útil.

Então, confere aí as nossas dicas!

1. Use uma caixa térmica

Muitas vezes usada para gelar bebidas, a caixa térmica também é uma ótima opção para manter suas peças de carne conservadas quando não tem mais espaço no freezer ou na geladeira, ou mesmo em um acampamento.

As caixas térmicas são geralmente feitas em poliuretano ou poliestireno expandido, materiais comumente usados na produção de plástico duro, para garantir maior durabilidade e invólucro térmico.

Outro material que também simula a conservação térmica é o isopor, portanto, ambos os modelos podem ser usados para guardar carnes — desde que envolvidas em gelo!

Se possível, guardar as peças de carne em uma embalagem a vácuo também otimizam a conservação do alimento.

Para a montagem da caixa, o padrão é formar uma base de gelo com a carne bem no meio e, então, cobri-la com mais gelo. Vale lembrar que esse tipo de conserva exige que o gelo seja reposto ao ser derretido.

carne embalada a vacuo

Veja também: Outras dicas úteis para acampamentos!

2. Cure a carne com ingredientes específicos

Antes do século XX, a salga era a principal forma de conservar carnes. Sendo assim, também é possível promover a conservação de carnes com o uso exclusivo do sal, o que leva o nome de "cura a seco".

É particularmente recomendada para cortes de carne mais finos e consiste em apenas deixar a superfície da carne descansar em camadas de sal, que devem ser renovadas conforme a carne for absorvendo o ingrediente.

Hoje em dia, existe até um tipo de sal específico para esse método, conhecido como "sal de cura". Sua composição contém nitritos e nitratos de sódio, o que acelera o processo de cura, encurtando o tempo padrão de cura a seco com sal comum (3 semanas).

Outra técnica de cura a seco consiste na adição de açúcar em combinação com o sal não iodado numa proporção de 1/4 do peso do alimento. A mistura deve ser pincelada na carne e pode levar ingredientes extras como pimenta do reino, alecrim e folha de louro. A cada 12 horas, é preciso retirar o líquido que escorrerá da carne, para, após, voltar a pincelar a mistura de temperos.

Esse processo se repetirá durante 3 dias, e a carne pode durar até 1 semana fora da geladeira. Além de também ajudarem na conserva, esses componentes trazem um sabor diferenciado e delicioso para a carne curada!

pessoa curando a carne

3. Aposte na salmoura

Se o seu objetivo é permitir que a carne dure por um longo período, a solução pode ser a tradicional salmoura. Para isso, você só vai precisar de água e sal não iodado. De quebra, o sal absorvido pelas fibras musculares da carne a deixa mais suculenta para a hora do preparo.

O segredo da salmoura é entender as proporções para evitar erros como o excesso de sal. Veja os passos abaixo:

  1. Selecione um recipiente que comporte a salmoura e o tamanho da peça de carne que deseja conservar;

  2. Prepare a salmoura dissolvendo bem uma proporção de 50 g de sal não iodado por litro de água (ou o suficiente para uma batata flutuar);

  3. Peças com até 5 centímetros de diâmetro devem ficar completamente submersas na salmoura por 3 dias;

  4. Para peças maiores, a submersão na salmoura deve durar pelo menos 1 semana.

Essa técnica é especialmente vantajosa para peças como o peito do frango e o lombo do porco, que podem facilmente ficar secos.

Ao utilizar essa prática, o ressecamento é evitado, resultando carnes suculentas e cheias de sabor mesmo conservadas fora da geladeira.

pessoa fazendo salmoura

4. Defume para conservar e acentuar o sabor

A defumação é um método que vai além da conserva da carne, pois, dependendo do tipo de madeira ou carvão utilizado no processo, também confere a ela o sabor que é tão reverenciado em diversos produtos do nosso dia a dia, como o bacon e a calabresa.

Defumadores profissionais e à lenha podem ser encontrados em diversas lojas, em específico, as que trabalham com chaminés e churrasqueiras. Você vai precisar de um desses e seguir os passos abaixo:

  • Deixe a carne marinar em especiarias da sua preferência por 24 horas;

  • Seguindo as instruções do fabricante, mantenha o defumador aceso numa temperatura entre 60 e 70 ºC;

  • Para acentuar o sabor defumado, use madeiras ou carvões de carvalho, macieira ou cerejeira;

  • Utilize um termômetro de carne para garantir a temperatura ideal para cada tipo;

  • Carnes de aves devem atingir a temperatura interna de 74 °C; carnes suínas e moída, de 71 °C; bifes, assados e costeletas devem chegar a 63 °C.

A duração da defumação depende do tamanho e da espessura da peça a ser defumada. Por exemplo, o tempo médio para atingir o ponto de defumação do peito de peru é de 6 a 8 horas, enquanto o peito bovino pode levar até 22 horas para atingir o estado ideal.

Esse método garante duração média de 6 meses para as peças de carne se armazenadas corretamente!

5. Enlate a carne de sua preferência

Utilizando um pote de vidro temperado, armazene a carne em cortes médios ou miúdos e, em seguida, coloque-o dentro de uma panela de pressão com 5 a 7,5 cm de água, que irá ao fogo, regularmente. A alta pressão e o vapor quente vão cozinhar, selar e esterilizar a carne.

Quando chegar a hora de tirar a pressão da panela, você também a removerá do fogão e deixará com que perca toda a pressão e esfrie naturalmente, sem acelerar o processo de maneira alguma.

Pronto! Agora a carne já cozida pode continuar armazenada no seu pote ou ser transferida para uma lata esterilizada, a qual permite que a conserva da carne dure até 1 ano.

carne enlatada

Preparado para o que der e vier

Agora você já tem algumas ideias de como conservar carne fora da geladeira e não se desesperar caso precise viajar e não saiba como fazer a carne durar até o seu destino.

Independente da circunstância em que você se vê sem a opção de usar o refrigerador, agora você pode evitar o desperdício aquelas peças de carne que, para além da conserva, ganharão novos sabores por meio dos métodos apresentados.

E aí, gostou das dicas? Conhece algum método que ficou de fora da nossa lista? Testou alguma das técnicas compartilhadas nesse artigo? Deixa aí nos comentários para sabermos sobre tudo! A Cutelaria Cimo e todos os interessados vão apreciar muito esse seu gesto!

Até a próxima.

Junior Dorigatti